domingo, 26 de outubro de 2008

EmanuellY não é Emanuel!

Eram mais ou menos 14h30min de um domingo. Eu estava escrevendo a refutação pro péssimo livro do Richard Dawkins “Deus, um delírio”. Ao mesmo tempo, “remodelava” uma charge para complementar o artigo. Estava trabalhoso porque os argumentos do Dawkins são espalhados pelo livro, e “juntar e resumir” deu mais trabalho do que refutar. Isso também era uma espécie de “passatempo psicológico” para o jogo que começaria logo: São Paulo x Palmeiras. De vento em popa alguém pisca na janela do MSN. Era Emanuelly. Ou eu pensava que era...
Emanuelly é uma menina legal que eu conheci na festa de aniversário de Gyl, amigassa minha da UFPB. Não sei bem se dá pra classificar aquilo como festa constitucionalmente falando, mas Manu (como eu chamo ela) deve saber. Ela faz direito. Vai ser promotora, advogada, ou algo do tipo.
Manu é a versão brasileira da Summer Roberts de The OC (para as pessoas que vivem nas cavernas, Summer é a gatissima Rachel Bilson), só que bem mais inteligente. Acho que casaria com ela se ela me quisesse. Ela é daquelas garotas que você fica torcendo para que suba na janelinha do MSN. Geralmente não dá respostas monossilábicas do tipo:
- Oi, como você está?
- Bem
- E a semana?
- Boa
- E a família?
- Bem.
- E a faculdade?
- Boa.
- Você tem medo de digitar é?
- Bem.
- Você só sabe dizer bem?
- Boa.
Mas enfim, voltando à história. A janela piscou. Eu parei. Estava intelectualmente cansado e precisa conversar com alguém interessante. Mesmo que fossem banalidades. A janela subiu como um vírus. Aqueles viruzinhos chatos do tipo “olha as minhas fotos”. Em seguida veio um pedido de licença. Eu comecei a falar com ela na brincadeira. Disse que queria vê as fotos, mas lamentava que fosse vírus. Ela não tinha entendido. Eu repeti pausadamente. Ela me deu um claro “quer parar com isso”...
Fiquei todo desconfiado. Mesmo no MSN você fica desconfiado. Era o primeiro fora que Emanuelly havia me dado. Isso era um mau presságio. Eu tinha começado a conversa levando um “rela”. Fingi que não senti e continuei a conversar com ela. Ela perguntou sobre o EJC. Eu fiquei super confuso (Meu pai do céu, quando eu lembro dá vontade de se auto-torturar por causa da minha burrice).
Eu fingi que ela estava familiarizada sobre o assunto e comecei a conversar sobre o EJC. Mas notei que ela sabia demais sobre o evento. Passava dos limites. Não que ela não fosse inteligente. Mas inteligência não significa ler pensamentos. Coisas que eu tinha combinado somente com o organizador do evento... Manu sabia.
Logo, comecei e refletir sobre nossas últimas conversas. Conversamos sobre a Estação Ciências, sobre Evolucionismo versus Criacionismo... mas nada de EJC. De onde ela tinha tirado tanta informação? Talvez sua “super-fonte” tenha sido Gyl. Mas Gylzinha não sabia nem metade daquilo. Ignorei aquilo e mudei de assunto. Brutalmente. Talvez fosse meu cansaço mental que estivesse fazendo aquilo. Talvez, por estar refutando Deus, um delírio, eu estava começando a delirar. Castigo mandado do alto, por lê um livro tão inútil. E ainda comentar...
Quando mudei de assunto ela voltou pra primeira pauta. EJC. E eu ganhei o segundo fora da tarde. Dois foras em menos de uma tarde era demais pra mim. E mais vindo de Manu que nunca tinha dado um sequer. Eu perguntei se ela estava bem, se a semana de provas dela é que tinha deixado ela daquele jeito. Mas ela simplesmente ignorava minhas perguntas.
Lógico que tinha alguma coisa errada com Emanuelly. Se eu tivesse o telefone dela, teria ligado. Mesmo achando tosca a idéia de ligar pra alguém que ta conversando com você no MSN. Na sua despedida ela deu um Tchau curto e grosso. Eu dei outro e um até mais bem pequeno. Com vergonha já. Ela mal respondeu. Eu tinha feito da nossa conversar uma tragédia e agora fechara com “chave de ouro”.
Foi aí que apareceu o óbvio. Olhando atentamente para a janela do nome notei que em momento algum eu tinha falado com Emanuelly. Eu estava falando com EMANUEL. Amigo meu dá igreja que estava organizando o EJC. No mesmo instante dei uma gargalhada e fui tentar desfazer todo o mal entendido. Fiquei aliviado por não ter levado um monte de fora de Emanuelly. À noite, na igreja, eu contei e ele o caso. Começamos a rir de mim mesmo por minha belíssima falta de atenção.
Definitivamente Emanuelly não era Emanuel. Isso parecia tão claro, tão óbvio... mas eu não notei. Isso acontece muito com Deus. Deus, Jesus e o Espírito Santo não são religiões. São pessoas. Pessoas que sentem dor, que amam, que sorrir, que choram, que conversam. Mas parece que atualmente a amizade com Deus é o que menos importa. Nosso criador deu três bênçãos ao homem: alimentá-lo como os pássaros, vesti-lo como as flores e ser seu amigo mais íntimo. Gente demais fica com as duas primeiras e ignora a terceira. Mais cedo ou mais tarde você descobre que a vida é criada especifica e brilhantemente para colocar o homem em ligação com Deus. Mas as pessoas costumam confundir isso. Acham que porque estão indo a igreja todo sábado/domingo, ou porque fazem caridade significa que estão experimentando o bom da vida cristã. Mas não estão.
Parecia claro que Emanuelly não era Emanuel. Mas eu simplesmente não tinha enxergado isso. Parece claro que Jesus não é religião. Mas muita gente não está enxergando isso.

Um comentário:

Késia Mota disse...

gostei da tua crônica - parabéns, garoto