sábado, 21 de fevereiro de 2009

A Aposta da Pascal

A Aposta de Pascal, criada por Blaise Pascal, longamente apresentada no livro "Pensamentos", não é um argumento direto da existência de Deus. É um argumento que poderá ser considerado calculista, a favor de um comportamento humano de acordo com a existência de Deus, seguindo a "razão do coração". Este argumento tem mais ou menos o conteúdo que se segue:

  • Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, será beneficiado com a ida ao paraíso.
  • Se você acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, não terá perdido nada.
  • Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver certo, não terá perdido nada.
  • Se você não acredita em Deus e nas Escrituras e estiver errado, você irá para o inferno.

No entanto, este argumento é uma maneira muito tendenciosa para se tentar convencer as pessoas da possibilidade da existência de Deus. Se analisado, constataria-se que é uma falácia Argumentum ad Baculum (Apelo à Força). A Aposta de Pascal afirma que se deve acreditar no Deus judaico-cristão. Porém existem milhares outros deuses a serem considerados como existentes ou não. A crença no "deus errado", de acordo com a maioria das religiões, é punida da pior maneira possível. Portanto, as chances de acertar acreditando no Deus judaico-cristão são muito menores do que o estipulado por Pascal (50%).

Outra coisa a se considerar é o fato de existirem "deuses não-documentados" com propriedades bem diferentes do que as estipuladas pela Bíblia: onipresença, onisciência, onipotência, benevolência etc. do tipo

Esta "aposta" nos leva a acreditar em algum deus, com o pressuposto que isto é vantajoso você estando certo e insignificante se estiver errado. Depois basta a você escolher o seu deus, se será um Deus supremo, criador de todas as coisas e auto suficiente. Ou deuses com poderes limitados que necessitam até mesmo da existencia de um outro deus superior a este.

A Aposta de Pascal também pode ser usada para tentar-se provar que outras religiões estejam certas, como trocar as Escrituras pelos Evangelhos, ou peloCorão, por exemplo. No entanto, o resultado, se devidamente analisado, mostrará que as possibilidades de se crer no deus estipulado são mínimas. A conclusão sobre o assunto é variável de acordo com as crenças de cada um. A Aposta, no entanto, independentemente das controvérsias religiosas, é um interessante jogo de raciocinio.

É de Blaise Pascal a frase "O coração tem razões que a própria razão desconhece". No fundo, a "aposta" nada mais é do que o homem seguir a "razão do coração", que diz que é somente em Deus que o coração humano pode verdadeiramente repousar. E, enquanto isso não acontece, permanece inquieto, como diria Santo Agostinho no começo do livro "Confissões".

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Ciência ou religião?

André Petry escreveu um artigo sobre o ensino do criacionismo nas escolas. Até aí tudo bem. Como todo bom jornalista ele tem total direito e liberdade de opinar. Como um dos editores da maior revista do Brasil (e 4º do mundo) era de se esperar que ele trouxesse algo a polêmica. Porém o que se viu (como bem disse o Michelson Borges) foi um monte de artigo já surrado. Todo o artigo parece um monte de CTRL + C, CTRL + V.
Escolas Confessionais
A primeira falácia de Petry é com relação as escolas confecionais. Ele cita as escolas Adventistas e a Mackenzie como dissiminadoras de tais "heresias".
Primeiro eu pergunto: qual o problema Senhor Petry? Pelo que já vi, as escolas estão ensinando as duas coisas: ensinam as "verdades cientifícas" da evolução e ensinam qual o entendimento que, como religiosos, tem da questão. Ou será que agora as escolas cristãs vão ter que negar a sua própria natureza?
O Reinaldo Azevedo disse bem em seu blog: "Resta evidente que as escolas não estão fazendo opções radicais, excludentes. Ademais, ainda que estivessem, as famílias têm o direito de escolher que educação querem dar a seus filhos, segundo sua história, sua religião, suas tradições. Ou, agora, vamos proibir as escolas judaicas, por exemplo, de expor a sua visão de mundo aos estudantes? É incrível como o preconceito anticristão vem sempre vazado numa perspectiva supostamente iluminista e de combate ao preconceito, quando, de fato, o que se tem é o contrário. A teologia vigente nas escolas, religiosas ou não, que precisa ser combatida é outra: a vigarice esquerdopata, o marxismo de fancaria."

A evolução é fato. E aí de quem discordar.
Uma das coisas que eu acho mais engraçado nesses argumentos que vem com preconceitos anti-cristãos é o fato de que eles acabam se tornando o que combatem. Explico melhor: o Richard Dawkins vive dizendo que não se pode desafir um cristão porque eles são uns fundamentalistas que acreditam em determinadas coisas só porque está escrito num livro. E ponto final. Aí de quem discordar deles...
Infelizmente, determinados tipos de cristãos de agido assim. Mas não é porque uma maçã é podre que todo o cesto está podre. Não. O próprio Jesus dizia para examinar as escrituras. Os Cristãos tem evidências suficiente nas profecias para crerem que estão seguindo um Deus que deixou um livro inspirado.
Agora , aí de quem discordar do Dawkins e CIA. Você seria um herege, irracional, que não pensa. "Não, o criacionismo é ilógico. Ponto. Porque? Porque você está me perguntando isso? A ciência diz e ponto final".
Sinceramente, acho que os fundamentalistas são outros...

Ciência ou religião?
Duvide da teoria de Darwin num curso de biologia, e a Santa Inquisição aparecerá logo logo. Só que com uma roupagem acadêmica.
Ciência e religião estão cada vez mais trocando os papéis. Concordo com William Hurlbut, em texto publicado na Folha de S.Paulo em janeiro de 2006: "A ciência ultimamente lembra mais a religião do que qualquer outra coisa. Como conseqüência, ela sofre dos mesmos problemas que historicamente afetaram a religião: triunfalismo, arrogância e falta de autocrítica."

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O mal existe?

Um professor ateu desafiou seus alunos com esta pergunta:
- Deus fez tudo que existe ?
Um estudante respondeu corajosamente:
- Sim, fez !
- Deus fez tudo, mesmo ?
- Sim, professor - respondeu o jovem.
O professor replicou:
- Se Deus fez todas as coisas, então Deus fez o Mal, pois o Mal existe, e considerando-se que nossas ações são um reflexo de nós mesmos, então Deus é o Mal.
O estudante calou-se diante de tal resposta e o professor, feliz, se vangloriava de haver provado uma vez mais que a Fé era um mito.
Outro estudante levantou sua mão e disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, professor ?
- Sem dúvida - respondeu-lhe o professor.
O jovem ficou de pé e perguntou:
- Professor, o frio existe ?
- Mas que pergunta é essa ? Claro que existe, você por acaso nunca sentiu frio ?
O rapaz respondeu:
- Na verdade, professor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é ausência de calor. Todo corpo ou objeto pode ser estudado quando tem ou transmite energia, mas é o calor e não o frio que faz com que tal corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Criamos esse termo para descrever como nos sentimos quando nos falta o calor.
- E a escuridão, existe ? - continuou o estudante.
O professor respondeu:
- Mas é claro que sim.
O estudante respondeu:
- Novamente o senhor se engana, a escuridão tampouco existe. A escuridão é, na verdade, a ausência de luz. Podemos estudar a luz, mas a escuridão não. O prisma de Newton decompõe a luz branca nas várias cores de que se compõe, com seus diferentes comprimentos de onda. A escuridão não. Um simples raio de luz rasga as trevas e ilumina a superfície que a luz toca. Como se faz para determinar quão escuro está um determinado local do espaço ? Apenas com base na quantidade de luz presente nesse local, não é mesmo ? Escuridão é um termo que o homem criou para descrever o que acontece quando não há luz presente.
Finalmente, o jovem estudante perguntou ao professor:
- Diga, professor, o Mal existe ?
Ele respondeu:
- Claro que existe. Como eu disse no início da aula, vemos roubos, crimes e violência diariamente em todas as partes do mundo, essas coisas são o Mal.
Então o estudante respondeu:
- O Mal não existe, professor, ou ao menos não existe por si só. O Mal é simplesmente a ausência de Deus. É, como nos casos anteriores, um termo que o homem criou para descrever essa ausência de Deus. Deus não criou o Mal. Não é como a Fé ou o Amor, que existem como existe a Luz e o Calor. O Mal resulta de que a humanidade não tenha Deus presente em seus corações. É como o frio que surge quando não há calor, ou a escuridão que acontece quando não há luz.