segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A Universidade I

Eu amo minha turma na universidade. Antes de conhecê-la, não a desejaria. Certamente se Deus me desse à oportunidade de escolher as pessoas que estudariam comigo, eu não os teria escolhido. Alguns talvez, não sei (trabalhar com probabilidades dá nisso. Por isso não confio nas estatísticas). Mas certamente eu não os escolheria. Até isso tudo acontecer...
Minha turma é incrivelmente contraditória. Não somos a melhor turma de comunicação social, longe disso. Nossa turma não é boa (não na visão de 90% dos professores. Como isso é o que conta...) e o número de NERD é incrivelmente pequeno (temos somente dois). Mas se existem pessoas onde mentalmente você diz “esse vai longe”, encontram-se lá. Não nas outras turmas, mas lá...
Lá eu encontrei capitalistas, comunistas, católicas, agnósticas... Talvez seja essa pluralidade que faz a minha turma ser tão singular (isso soou como poesia! Lindo!). E o mais especial. Mais especial que as ideologias. Mais especial que as crenças, mais especial que os posicionamentos ou o time de futebol: as pessoas.
A começar por Rayo. O nome é Rayza, mas todo mundo a conhece por Rayo. Isso causa complicações em casa porque quando meu irmão atende as ligações dela, ele me olha um pouco confuso e diz “é um tal de Rayo com voz de mulher”. Mas Rayo vai além do nome Rayo. Ela é a irmã mais velha que eu não tive. É aquela que puxa a orelha e você não fica com raiva. Ela é sincera. Isso não pode parecer um elogio, mas no caso de Rayo é. É a sua sinceridade que faz com que ela seja uma das pessoas mais pensantes que eu já conheci. Politicamente falando eu concordo num monte de pontos com ela. Moralmente falando não. Mas eu não entro em debates com Rayo. Pelo menos não tento entrar. Ela é daquele tipo de pessoa que passa suas convicções com tanta paixão que a minha resposta mais convincente é o famoso “é neh”.
Não noto ela muito interessada em questões religiosas. Talvez isso seja reflexo do estrago que a religião causou ao longo dos anos. Certamente a Igreja é o maior problema de imagem que Deus tem sobre a terra. E eu não a condeno por isso. Talvez Deus também não. Ela é daquelas militantes preocupadas com a comunidade, com as pessoas. Isso é bonito. Isso faz dela uma cristã! Quando estou conversando com ela, me sinto o verdadeiro Dr Brouw de Everwood conversando com Nina na primeira temporada. Talvez por isso eu a veja como a “amiga casada que você vai pedir conselhos”.
Outra pessoa legal é Gyl. Ela mora na rua da casa da minha tia. Talvez por isso seja a que eu mais me identifico. Eu gosto de todo mundo. Com o passar dos anos, aprendi a me relacionar bem com as pessoas e a não ter inimigos. Não estou dizendo isso por pura “moralidade cristã”. Quem me conhece sabe que falo a verdade. Certamente isso é fruto do meu relacionamento com Deus. Mas gostar de todo mundo não significa que você uniformiza esse amor. Existem aquelas pessoas que você gosta mais. É aquela famosa frase que está no inconsciente de todo mundo: “eu gosto de todos mais tem aquela mais”. Pronto, essa é Gyl. É a “aquela mais”. Ela parece com minha prima preferida, Raquel. Talvez por isso seja a "minha" preferida na sala.
Gyl é aquela atriz que não é a protagonista, mas é a coadjuvante que você mais simpatiza (e que você fica rezando o filme inteiro para que ela se saia bem). É aquela que você fica rezando para que apareça no MSN para contar como foi o dia, o que achou disso ou daquilo. Eu tenho o costume de não demonstrar que “gosto muito-muito” das pessoas que gosto “muito-muito”. Talvez seja esse o motivo pelo qual eu vivo encrencando com ela, ou que não tenha um depoimento pra ela, ou que eu faça questão de atrasar o presente de aniversário pra dar um ar de “tô nem ai”. Mas acho que casaria com ela (Olhem bem: não estou dizendo que estou querendo casar com ela. Nem insinuando. Longe disso. O que quero dizer é que a acho “casável”, assim como acho Rayo, Thamyres, Valéria, Ingrid, etc). Ela é Católica e parece seguir uma versão americanizada da fé.
Thamyres é a minha melhor amiga dos últimos tempos. É a que eu conto tudo: como foi o meu dia, por quem estou apaixonado, se eu estou frustrado com algo, como vai à família, etc. Dificilmente eu vou dormir sem falar com ela. Se Rayo é minha conselheira, Thamyres é minha cúmplice. Ela não só diz o caminho como também anda comigo. Mesmo que nos tomemos à direção errada...
Os pais de Thamyres são anglicanos e isso reflete nela. Ela parece à versão feminina do Donald Miller, só que menos ligada ao cristianismo. Em termos de comparação, nossa amizade parece com as de Thomas J. Sennett e sua melhor amiga, Vada Sultenfuss, no filme Meu primeiro Amor (Para quem tem amnésia-filmistica, os atores são Macaulay Culkin e Anna Chlumsky). Isso, claro, tirando aquele final...
Priscila é disparada a menina mais humilde que já conheci. E também a mais viajosa. Se você ainda não ouviu falar em Priscila Durand, guarde esse nome. Vai se legal no futuro dizer: “Ei, eu estudei com aquela cineasta, a Priscila...”. Ela sonha em ir pra Hollywood. Eu acredito que ela vai. Suas pérolas também são dignas de livros e mais livros... (deixa pra lá)!
Além de sua humildade, o que me chama atenção em Pri é sua fé. Seu livro de cabeceira é The Secreat. Se ela quer uma coisa, ela vai até o fim. Isso não só é admirável: tem que ser seguido. Priscila tem uma força de vontade impressionante. Ela é a versão feminina do Hassan (quem leu o caçador de pipas sabe do que estou falando).
Valéria parece com minha mãe. Amorosa, braba, sensível, autoritária... enifm, acho que ela é judia. Se a mãe dela não for, lá atrás ela certamente teve um antepassado que era. Por vê em Valéria as características da pessoa que eu mais amo na face da terra, gosto muito dela. Só que vai além disso.
Minha amizade com Valéria parece um consultório psicológico. Nos costumamos muito conversar sobre problemas. Problemas reais. Problemas familiares. Etc. Acho que funciono mais ou menos como um terapeuta. Certamente é melhor que pagar analista. Valéria é da Igreja Betel. Sua mãe também. Ela é bem fiel aos seus princípios, o que é admirável. Não acho que ela vá seguir carreira na área de comunicação. O amor da vida dela é Contabilidade/Administração. Espero que seja o que for, ela faça bem.
Aqui foi a primeira parte da minha turma. Pra não ficar grande e cansativo, subdividi bastante. Em breve definirei “os outros” (como diria Jack de Lost).

Carta ao meu pastor

"Muitos de nós, fiéis jovens membros da igreja, estamos em uma situação desesperada. Temos uma grande, ampla, profunda necessidade que não está sendo satisfeita. Estamos morrendo de inanição porque não estamos sendo alimentados.
Por favor me leve a sério, porque eu sei do que estou falando. Jovens estão deixando diariamente a igreja, amargurados, desiludidos e sem esperança, enquanto outros nem mesmo consideram que têm algo a ver com religião, porque não vêem nela nada que os ajude.
Não precisamos de mais sermões a respeito de testemunhar a outros. Reiteradamente nos é dito que devemos partilhar o evangelho, mas ao responder a este desafio, descobrimos que nada temos a dizer. Conto podemos convencer outros a aguardar o retorno de Cristo quando a maioria de nós nem O reconheceria se Ele viesse?
Precisamos de alguém que nos fale acerca de Deus. Sabemos tudo a respeito de doutrinas e práticas da igreja. Conhecemos muitas coisas, mas não conhecemos a Cristo. Nunca fomos apresentados a Ele, e a menos que Deus opere um milagre e Se revele a nós, jamais O conheceremos.
Por favor, ensine-nos como conhecer a Deus e Seu caráter. Somos bebês espirituais. Precisamos de Jesus. Ansiamos conhecê-Lo. Mostre-nos, de sua experiência pessoal, conto nos comunicamos com Ele. Nossa maior necessidade é conhecer a Deus. Pode mostrar-nos conto encontrá-Lo?"

Sábado

domingo, 26 de outubro de 2008

EmanuellY não é Emanuel!

Eram mais ou menos 14h30min de um domingo. Eu estava escrevendo a refutação pro péssimo livro do Richard Dawkins “Deus, um delírio”. Ao mesmo tempo, “remodelava” uma charge para complementar o artigo. Estava trabalhoso porque os argumentos do Dawkins são espalhados pelo livro, e “juntar e resumir” deu mais trabalho do que refutar. Isso também era uma espécie de “passatempo psicológico” para o jogo que começaria logo: São Paulo x Palmeiras. De vento em popa alguém pisca na janela do MSN. Era Emanuelly. Ou eu pensava que era...
Emanuelly é uma menina legal que eu conheci na festa de aniversário de Gyl, amigassa minha da UFPB. Não sei bem se dá pra classificar aquilo como festa constitucionalmente falando, mas Manu (como eu chamo ela) deve saber. Ela faz direito. Vai ser promotora, advogada, ou algo do tipo.
Manu é a versão brasileira da Summer Roberts de The OC (para as pessoas que vivem nas cavernas, Summer é a gatissima Rachel Bilson), só que bem mais inteligente. Acho que casaria com ela se ela me quisesse. Ela é daquelas garotas que você fica torcendo para que suba na janelinha do MSN. Geralmente não dá respostas monossilábicas do tipo:
- Oi, como você está?
- Bem
- E a semana?
- Boa
- E a família?
- Bem.
- E a faculdade?
- Boa.
- Você tem medo de digitar é?
- Bem.
- Você só sabe dizer bem?
- Boa.
Mas enfim, voltando à história. A janela piscou. Eu parei. Estava intelectualmente cansado e precisa conversar com alguém interessante. Mesmo que fossem banalidades. A janela subiu como um vírus. Aqueles viruzinhos chatos do tipo “olha as minhas fotos”. Em seguida veio um pedido de licença. Eu comecei a falar com ela na brincadeira. Disse que queria vê as fotos, mas lamentava que fosse vírus. Ela não tinha entendido. Eu repeti pausadamente. Ela me deu um claro “quer parar com isso”...
Fiquei todo desconfiado. Mesmo no MSN você fica desconfiado. Era o primeiro fora que Emanuelly havia me dado. Isso era um mau presságio. Eu tinha começado a conversa levando um “rela”. Fingi que não senti e continuei a conversar com ela. Ela perguntou sobre o EJC. Eu fiquei super confuso (Meu pai do céu, quando eu lembro dá vontade de se auto-torturar por causa da minha burrice).
Eu fingi que ela estava familiarizada sobre o assunto e comecei a conversar sobre o EJC. Mas notei que ela sabia demais sobre o evento. Passava dos limites. Não que ela não fosse inteligente. Mas inteligência não significa ler pensamentos. Coisas que eu tinha combinado somente com o organizador do evento... Manu sabia.
Logo, comecei e refletir sobre nossas últimas conversas. Conversamos sobre a Estação Ciências, sobre Evolucionismo versus Criacionismo... mas nada de EJC. De onde ela tinha tirado tanta informação? Talvez sua “super-fonte” tenha sido Gyl. Mas Gylzinha não sabia nem metade daquilo. Ignorei aquilo e mudei de assunto. Brutalmente. Talvez fosse meu cansaço mental que estivesse fazendo aquilo. Talvez, por estar refutando Deus, um delírio, eu estava começando a delirar. Castigo mandado do alto, por lê um livro tão inútil. E ainda comentar...
Quando mudei de assunto ela voltou pra primeira pauta. EJC. E eu ganhei o segundo fora da tarde. Dois foras em menos de uma tarde era demais pra mim. E mais vindo de Manu que nunca tinha dado um sequer. Eu perguntei se ela estava bem, se a semana de provas dela é que tinha deixado ela daquele jeito. Mas ela simplesmente ignorava minhas perguntas.
Lógico que tinha alguma coisa errada com Emanuelly. Se eu tivesse o telefone dela, teria ligado. Mesmo achando tosca a idéia de ligar pra alguém que ta conversando com você no MSN. Na sua despedida ela deu um Tchau curto e grosso. Eu dei outro e um até mais bem pequeno. Com vergonha já. Ela mal respondeu. Eu tinha feito da nossa conversar uma tragédia e agora fechara com “chave de ouro”.
Foi aí que apareceu o óbvio. Olhando atentamente para a janela do nome notei que em momento algum eu tinha falado com Emanuelly. Eu estava falando com EMANUEL. Amigo meu dá igreja que estava organizando o EJC. No mesmo instante dei uma gargalhada e fui tentar desfazer todo o mal entendido. Fiquei aliviado por não ter levado um monte de fora de Emanuelly. À noite, na igreja, eu contei e ele o caso. Começamos a rir de mim mesmo por minha belíssima falta de atenção.
Definitivamente Emanuelly não era Emanuel. Isso parecia tão claro, tão óbvio... mas eu não notei. Isso acontece muito com Deus. Deus, Jesus e o Espírito Santo não são religiões. São pessoas. Pessoas que sentem dor, que amam, que sorrir, que choram, que conversam. Mas parece que atualmente a amizade com Deus é o que menos importa. Nosso criador deu três bênçãos ao homem: alimentá-lo como os pássaros, vesti-lo como as flores e ser seu amigo mais íntimo. Gente demais fica com as duas primeiras e ignora a terceira. Mais cedo ou mais tarde você descobre que a vida é criada especifica e brilhantemente para colocar o homem em ligação com Deus. Mas as pessoas costumam confundir isso. Acham que porque estão indo a igreja todo sábado/domingo, ou porque fazem caridade significa que estão experimentando o bom da vida cristã. Mas não estão.
Parecia claro que Emanuelly não era Emanuel. Mas eu simplesmente não tinha enxergado isso. Parece claro que Jesus não é religião. Mas muita gente não está enxergando isso.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Como os pinguins me ajudaram a entender Deus

"Eu nunca gostei de jazz porque é impossível defini-lo. Mas, certa noite, eu estava do lado de fora do Bagdad Theater, em Portland, e vi um homem tocando saxofone. Fiquei parado ali durante 15 minutos e em nenhum momento ele abriu os olhos.

Depois disso, passei a gostar de jazz.

Algumas vezes você precisa ver alguém amar alguma coisa antes de você mesmo conseguir amá-la. É como se a pessoa estivesse mostrando o caminho.

Eu não costumava gostar de Deus porque Deus não pode ser definido — mas só até que tudo isso acontecesse.”

Assim começa o livro do jovem escritor cristão Donald Miller Como os pingüins me ajudaram a entender Deus, da editora Thomas Nelson Brasil. Miller tem por objetivo não ensinar nada, mas acaba ensinando muita coisa. E é justamente isso que torna o livro divertido. O livro é composto de ensaios bem-humorados onde Donald apenas escreve experiências que teve ao longo de sua vida cristã.

Como os pingüins me ajudaram a entender Deus parece mais um blog impresso do que um livro que fica na prateleira de livros cristãos. Fugindo do chamado “Cristianismo de franquia”, Miller mostra como sua fé cristã começou a trazer-lhe verdadeira paz.

O autor se prende muito a fato de que o verdadeiro cristianismo só tem sentido quando se tem um encontro pessoal com o autor da religião cristã: Jesus Cristo. Através de relatos sinceros e bem-humorados, de descrições de seus amigos cristãos e hippies, de seu pastor que chama palavrão e de sua faculdade totalmente profana, Donald Miller consegue vê relações entre fé e sexo dos pingüins, cenouras sexy com redenção, espiritualidade com o filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, etc.

Longe de ser perfeito, Miller faz uma brilhante descrição dos problemas morais que o mundo vem enfrentando. E encontra o culpado por toda essa bagunça: o eu. O caminho percorrido pelo autor em busca de uma fé sadia e de um crescimento emocional estável é muito familiar a quem busca um encontro pessoal com Cristo. Não tem como não lê uma frase engraçada ou uma tirada inteligente sem comentar consigo mesmo “Poxa vida, eu já pensei isso”. Ou então, lendo o livro num coletivo, comentar com o vizinho um pensamento genial que encontrou no livro.

Donald Miller é cristão liberal que não simpatiza muito com a hipocrisia, o falso moralismo e as barganhas do meio cristão. Fã de Jazz, Miller acaba se tornando a voz do inconsciente cristão de cada um. Afinal, quem nunca teve preconceito com pessoas diferentes? Ou quem nunca teve uma “crise” com algum irmão da igreja? Ou quem nunca... enfim, Donald é a voz da sinceridade cristã que poucos conhecem.

Algumas pessoas podem não identificar o livro a partir do título em português, para os mais informados trata-se de Blue Like Jazz, o best-seller que ficou 20 semanas na lista dos mais vendidos do New York Times.

Leia um trecho do livro pelo seginte link: http://www.thomasnelson.com.br/arquivos/livros/Capitulo_16_17.pdf

A Cabana

Um pai amoroso. Uma filha linda. Uma família feliz. A morte da filha linda por um serial Killer. A grande tristeza de toda família. Agora, o que isso tudo tem haver com Deus? Com cristianismo? Com religião? A Cabana explica. Diferente dos livros que dizem "Deus é amor", "Deus é justo", etc, A Cabana mostra o porque da dor, do sofrimento, da perda.

Não é preciso ser versado em C.S. Lewis ou no Novo Testamento para entender o livro. Mais do que um best-seller, A Cabana traz uma temática ineressante: Se Deus é amor, se ele quer vê seus filhos felizes, então porque existe tanto sofrimento no mundo?

Mack, o pai da pequena Missi que foi brutalmente assassinada, é o protagonista da história. O acampamento é o inicio da chamada Grande Tristeza. Depois de ter a filha brutalmente assassinada, Mack não se conforma. Num dia de inverno qualquer, ele recebe um bilhete de ninguém menos que Deus, pedindo para ele voltar A Cabana. Chegando lá, ele encontra a Trindade. Deus pai aparece como uma acolhedora dona-de-casa negra (parece uma mistura do misterioso Oráculo, da série Matrix, com a ama carinhosa de E o Vento Levou...), o Espírito Santo é uma diáfana mulher oriental e Jesus é um jovem carpinteiro que faz piada sobre o próprio narigão judaico.
Embora o livro de William Young se encaixe numa visão cristã tradicional, Deus sugere que o relacionamento direto com Deus pode prescindir de Igrejas.

Em A Cabana o final é cheio de esperança. Depois de algum trololó divino, Mack, o pai que teve a filha de 6 anos morta por um assassino serial, se convence de que a Criação é perfeita e Deus é bom.

"Resolvi escrever um romance porque a arte e a ficção se comunicam mais diretamente com a alma das pessoas", afirmou Young, de 53 anos a revista VEJA. Ele tem razão. Dizer abstratamente que Deus é amor convence menos do que apresentá-lo assando uma torta para um pai desesperado. Young conta que escreveu A Cabana em um período de sua vida em que ele mesmo precisava de consolo – havia perdido um irmão e uma sobrinha de 5 anos. O livro também valeu para acertar certos conflitos da infância. Missionários evangélicos, os pais de Young o arrastaram, ainda menino, para Papua-Nova Guiné, um deslocamento traumático para ele – que sofreria abuso sexual na tribo em que seus pais pregavam. "Em muitos sentidos, Mack sou eu", afirma. Com sua apologia de uma relação direta com Deus, A Cabana vai na linha oposta à religião dos pais do autor. "Minha mãe até achou o livro meio herético", diz Young.

A Cabana é o primeiro lugar da lista de VEJA a pelo menos 8 semanas e no último mês ocupava o topo da lista de ficção em brochura do New York Times. Young já anda viajando o mundo para promover seu livro – estará no Brasil entre 27 e 30 de outubro.

Leia um trecho do livro no seguinte link: http://www.livrariacultura.com.br/imagem/capitulo/2559118.pdf

domingo, 19 de outubro de 2008

Dawkins, o fundamentalista dogmático

Imagine um fundamentalista religioso ultra-conservador. Ele é um barbudo andando de turbantes dizendo a todas as pessoas que a não crença em Deus é algo nocivo. Segundo ele, um povo “sem Deus” é um povo sem moral, corrupto e que sofre de alguma deformidade mental. Algo do tipo. E mais: esse religioso está agora convocando outros religiosos como ele a se unirem em sua luta contra os “sem Deus”. Se tal homem lançasse um livro, ele seria visto como um louco. “Taí mais um exemplo de fanatismo religioso”. Por um momento, você desejaria que esse homem estivesse preso na base de Guantánamo com um capuz na cabeça.

Mas, quando este homem tem a barba feita e tem título de cientista, falando exatamente o mesmo que o barbudo acima, mas trocando os lados, ele vende livros. Muito livros. E dá entrevistas nos melhores jornais do mundo. E é respeitado.


Pronto, esse é Richard Dawkins. Não consegui ler o seu livro “Deus, um delírio” até o fim por duas razões: 1) estou tentando manter certa higiene mental e 2) o seu livro é um conjunto de argumentos auto-contraditórios que dá dor de cabeça em qualquer pessoa sensata. Dawkins tenta provar que qualquer tipo de crença em Deus é infundida e nociva. O mais irônico é que Richard combate o tipo de fundamentalista que ele mesmo se torna. Tal qual um evangelista, Dawkins prega a seus devotos do ódio a Deus, os quais se deliciam com o bombardeio retórico e erguem as mãos, prazenteiros:


Aqueles que acreditam que a evolução biológica pode ser conciliada com a religião são desonestos! Amém!

Eles pertencem à “escola de evolucionistas de Neville Chamberlain”! São conciliadores! Amém!

Os verdadeiros cientistas rejeitam a fé em Deus! Aleluia!

O Deus em quem os judeus acreditavam nos tempos do Antigo Testamento é um pedófilo psicótico! Amém! Diga a eles, irmão!

O livro por si só se refuta. Um exemplo: é interessante mostrar o posicionamento de Dawkins quando se trata de falar sobre religião no seu livro:Não farei ofensas gratuitas, mas tampouco usarei luvas de pelica para tratar da religião”. Esta frase está no último parágrafo do Capítulo 1. Na seqüência desta frase, no primeiro parágrafo do capítulo 2, Dawkins diz: “O Deus do antigo testamento é [...]: ciumento, e com orgulho; controlador mesquinho, injusto e intransigente, genocida étnico e vingativo, sedento de sangue; perseguidor misógeno, homofóbico, racista, infanticida, filicida, pestilento, megalomaníaco, sadomasoquista, malévolo”. Realmente de uma elegância ímpar e de uma coerência comparável apenas à do governo Lula. Mas as ofensas gratuitas não param aí. Dá para encher páginas de maledicências sem base ou explicação dirigidas às religiões em geral, líderes religiosos em específico, crentes e teólogos. Mas esse é só o começo. A coisa piora bastante.


No capítulo 4 Dawkins trata de refutar argumentos a favor da existência de Deus. Sabe o que é mais irônico: a maioria desses argumentos não é sequer objeto de discussão. Subindo no pedestal da arrogância, ele se enrola todo. Fica muito claro que desconhece vários conceitos filosóficos básicos, fazendo ironias tontas, que só mostram a sua inépcia para o assunto.

Pior é que quando parece que Dawkins ganha o prêmio da insensatez, ele se auto-supera: ele roda o seu livro em torno do “Grande Argumento”. O tal argumento é batizado como “da improbabilidade”. Em suma o argumento diz o seguinte:


“Qualquer entidade capaz de criar (ou projetar) algo complexo de forma inteligente é necessariamente mais complexa que sua criação (ou seu projeto). A complexidade é inversamente proporcional à probabilidade de existência. Deus é o mais complexo de todos os seres, afinal é criador de todas as coisas. Logo, Deus é improvável”.


De onde ele tira isso? Como e quando é válida a relação entre probabilidade e complexidade? Realmente esta é uma relação para lá de discutível. Mas Dawkins tira esta conclusão através da seleção natural. No processo gradativo da seleção natural, um número enorme de eventos com probabilidades até razoáveis formam um caminho para a geração de um ser complexo. Imagina-se que um ser mais complexo tenha um maior número de passos dentro do processo; logo, é mais improvável. Mesmo dentro da seleção natural esta é uma afirmação fraca, mas não é esse o ponto que me chamou a atenção. O que me pareceu muito estranho é o seguinte: Dawkins considera que Deus está submetido à seleção natural?


Ele mesmo responde: “qualquer inteligência criativa, de complexidade suficiente para projetar qualquer coisa, só existe como produto final de um processo extenso de evolução gradativa”.

Ou seja, o autor postula que se Deus existe e criou alguma coisa, Ele está submetido ao processo de seleção natural. E se está submetido, é o mais improvável dos seres. Por que ele postula isso? Porque decidiu que Deus é assim e pronto, e quem não tem fé na palavra de Dawkins é porque é obscurantista e acredita em bruxas. Mas um deus submetido à seleção natural? Que deus é esse, pelo amor de Deus?

Mais a parte mais legal está na página 80: Numa gradação de um a sete que vai da crença absoluta na existência de Deus até a certeza absoluta de que Deus não existe, Dawkins admite que está na sexta posição ("tendendo para a sétima"): "Probabilidade muito baixa [de que Deus exista], mas que não chega a ser zero. Ateu de facto. 'Não tenho como saber com certeza, mas acho que Deus é muito improvável e levo minha vida na predisposição de que ele não está lá." Então por que o delírio do título? Devia ser "quase um delírio" ou "muito provavelmente um delírio", como disse o brilhante Ali Kamel.


No livro, Dawkins escreve conceitos procurando defender a idéia de que a ciência prescinde de Deus para explicar os fenômenos naturais. Em parte ele pode ate ter razão. Tem gente que acredita assim e nem por isso são ateus. Francis Collins e Alister McGrath que o diga. Isso é uma coisa. Outra, diversa, é tentar "provar" cientificamente que Deus não existe. O resultado não é ciência, não é teologia, é um somatório de argumentos que não levam a lugar algum.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Porque comemos os animais?!

Esse conto é legal. Escrevi inspirado numa aula de Teoria da Comunicação I, com o excelente professor Matheus Andrade. Leia e divirta-se:

Ano: 2090
Local: Planeta BR13
Personagem: Marshall McLuhan, viajante espacial almoçando num restaurante de “última geração”.

Abrem-se as cortinas:

Marshall McLuhan chegou às 26h no planeta BR13. O horário não esta errado: talvez você ache estranho por ser do sistema solar. Mas enfim, essas "burocracias cosmológicas" serão deixadas de lado (que o diga a parte inferior ocidental da terra).
Ao chegar, o primeiro pensamento que veio a sua cabeça foi movido pela barriga: faziam 17951321 nanômetros (em linguagem terráquea dá 2 horas) que ele não comia. Os terráqueos possuem três particularidades alimentares, no mínimo, estranhas: 1- comem a cada 1,5 horas (a média da galáxia é de 5 horas); 2- comem rápido nos chamados fast-food (desculpem a redundância, mas eu não resisti à tentação); 3 – comem seres vivos.
Mas enfim, essas burocracias cosmológicas serão deixadas de lado (que o diga a parte inferior ocidental da terra).
Voltando ao texto: McLuhan estava com fome. Procurou um restaurante pra almoçar. Queria provar o que de melhor tinha o planeta BR13. De longe ele viu uma placa luminosa anunciando que “a carne mais macia de todo o universo” era feito ali. Isso o convenceu.
Ao entrar ele foi gentilmente atendido pelo atendente. Depois, o atendente o repassou ao garçom, que o conduziu a sua mesa para almoçar:

- O que o senhor vai querer – pergunta o garçom.
- Quero provar a carne mais macia de todo o universo – respondeu McLuhan.
- Certo, certo – disse o garçom – vou trazer pro senhor pré-aprovar!
- Ok!? – respondeu McLuhan confuso. Ele não tinha entendido o que o garçom queria dizer com “pré-aprovar”.

Talvez fosse alguma outra burocracia cosmológica com que estava acostumado na parte inferior-ocidental da terra (pra quem não se tocou até agora, é o Brasil).

Cinco minutos depois se aproxima uma vaca. Ela tinha uma bela aparência, um pêlo brilhante, chifres engraxados... enfim, parecia com saudável . McLuhan tomou um susto quando viu o mamífero do seu lado. Mais susto ele teve quando a vaca falou:

- Pois não senhor? Em que posso servi-lo?
- Como assim servi-lo? Você fala?
- Todos os animais de BR13 falam e tem sentimentos, senhor! O senhor vai me querer bem passada ou mau passada?
- Isso é estranho... – disse McLuhan sem piscar um olho sequer – e você ainda me pergunta se eu vou te comer?
- Sim! O senhor não entrou aqui porque queria comer a carne mais macia do universo? Então, eu quero lhe garantir que ao longo dos meus anos fui projetada pra isso. Passei por um rigoroso controle de qualidade. Desde bezerro fui preparada para esse momento. Assim que parei de mamar, fui separada da minha mãe. Fui cuidada com a melhor ração, a melhor pastagem, no melhor ambiente... e lhe garanto a minha carne, depois de todos esses anos, está macia e suculenta!
- Eu não estou entendendo mais nada! Vou lhe comer e você está do meu lado antes de morrer?
- Desculpe se lhe assustei, senhor. É que nesse universo cada vez mais globalizado não podemos perder tempo. O senhor não vai se arrepender: aqui no restaurante temos um dos melhores abates da galáxia. A maioria de nos morre da segunda ou terceira paulada na testa.
- Como é a história? Você vai levar uma paulada na testa pra eu te comer?
- Uma não senhor. Somos resistentes: duas ou três mata.
- Eu devo estar sonhando...
- Não senhor, é a realidade. Mas eu lhe asseguro que o senhor não tem do que reclamar. O senhor pode até optar se vai me querer em pedaços, moída, em bifes...
- Eu não estou acreditando que o meio está sendo a mensagem...
- Preciso que o senhor decida: vai querer o peito, o coxão duro, o coxão mole, a picanha, o filé mignon, o músculo dianteiro... algum problema senhor?
- É lógico que eu não vou lhe comer minha filha!
- E porque não?
- Porque isso não existe. Como pode eu está falando com você e lhe comer daqui a alguns minutos?
- Bom, nos aqui já somos acostumadas, senhor. Em todo o universo é assim. Lhe garanto que o senhor não vai se arrepender. Minha coxa traseira com pimentão fica uma delicia...
- Eu vou sair dessa coisa...
- Não senhor! Por favor, se não eu perco meu emprego! Porque o senhor está tão assustado? De que planeta o senhor é?
- Da terra!
- Ué, mas na terra vocês comem animais, certo?
- é, comemos...
- Ahhhhhh, ta! Entendi. A diferença é que lá na terra os animais não falam.

Fecham-se as cortinas.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quem sou eu?!

Paraíba, paraibano e Campinense. Aliás, nasci em Campina Grande mas isso não quer dizer necessariamente que eu sou Campinense. Ou quer dizer. Não sei ao certo. O fato é que eu sou Trezeano desde que eu me lembro por gente. Radialista de formação, teólogo como autodidata, filósofo como hobby. Ou seria teólogo de formação, filosofo como autodidata e radialista como hobby? Algo assim. Solteiro. Feliz. Aliás, quem foi que disse que era pra casar ? Calado. Cansado. Mas sempre disposto se for para jogar bola. Goleiro. Conservador. Mas prefere jogar adiantado, pois seus zagueiros têm o grave defeito de confiar nele mais do que ele merece ser confiado. Universitário de primeira viajem. Desde 2005, mora em um bairro de João Pessoa que é considerado "João Pessoa" pelos correios, "Recife" pelos pessoenses, "Bixiga" por uma parte da vizinhança e "mulesta dos cachorros" por outra. Para ele, é Recife, mas provavelmente nunca terá certeza. Judeu de sangue, Católico de família e Adventista de fé. Ou seria Adventista de sangue, Judeu de família e Católico de fé? Não se sabe ao certo. Tem um carinho especial por outras religiões do Cristianismo como os Anglicanos, os Metodistas, os Luteranos, os Batistas, os Ortodoxos, etc. Não é um apaixonado pelo catolicismo como seu avô, mas gosta do catolicismo de um modo particular, especialmente de figuras como Padre Zezinho, Papa João Paulo II, Santo Agostinho, e todas as pessoas do "interior das brenhas" que preservam aquela fé humilde. Coleciona diversas revistas — mas a menina dos olhos é a Placar ("A Placar não tem leitores, tem fãs") —, guarda um monte de jornais, mantém estantes e estantes com livros e sempre vê papéis se acumular sobre sua escrivaninha e outros móveis da casa, o que incomoda sua mãe. Adora escrever, desde que seja sobre algo de que goste. Adora desenhar, pena que nunca evoluiu depois dos sete anos de idade. Além de são-paulino, é torcedor do Manchester United da Inglaterra. Guardador do Sábado bíblico. Leitor diário da Bíblia e autor de ensaios e histórias bem humoradas. Pronto. Esse sou eu!

O que diachos esse judeu quer?!

Dá pra associar Jesus Cristo com sorriso? Mahamede com felicidade? Deus com humor? A resposta parece bem óbvia. Mas não é isso que o meio religioso vem apresentando. Esse blog é uma defesa apaixonada e bem humorada da religião cristã. Contaremos contos (desculpa a redundância), histórias hilárias. Teremos quadrinhos, ensaios bem humorados, boas crônicas, e belas meditações (tudo com bom humor, diga-se de passagem). Desceremos o cacete na hora que pisarem na bola, elogiaremos na hora que merecerem... enfim: você nunca mais vai olhar para o cristianismo da mesma forma!