Atire a primeira pedra que disser que nunca teve o primeiro amor. O primeiro não. O primeiro beijo. O primeiro tantas outras coisas relacionadas a paixão.
Nesse ensaio vou relatar um pouco do meus "primeiros passos amorosos". Farei em praticamente todos os sentidos: o primeiro poema, a primeira paquera, o primeiro choro (quer dizer, isso não)...
A questão proposta aqui não é rir, nem chorar, mas relembrar. Acredito que todo mundo que deseja ter uma espiritualidade sadia tem como primeiro passo relembrar o passado. Ás vezes isso é bom. Ás vezes não.
Primeira Paixão
Hayllen Mayara o nome dela. Fiz todo o pré-escolar ao seu lado. Apesar de não saber ler e escrever bem, eu sabia escrever o nome dela completo no Jardim II. Mesmo ele (o nome) não ajudando muito... Eu lembro que sempre sentavámos na mesma mesinha. Brincavámos das mesmas brincadeiras (toca, escorrego, gangorra, etc), assistíamos os mesmos desenhos (He-man, Power Rangers), e fazíamos as mesmas séries.
Eu nunca consegui me declarar pra Hayllen. A minha paixão por ela começou aos 6 anos. Minha falta de coragem era enorme. Minha avó e meu pai dizia que eu era muito novo para namorar. Realmente era. Mas na época eu me sentia o "mocinho" dos filmes de romance onde os pais são contra o seu relacionamento com a "menina bonita". Uma espécie de Romeu e Julieta na versão kids.
Hayllen também era bonita. Muito bonita. A menina de 6 anos mais bonita da escola. Eu lembro que entre eu e Hayllen tinha meu primo, Walter Júnior. Júnior era tudo que eu queria ser: ele era o menino mau que não fazia a tarefa de casa e desafiava todos os professores. Vivia se declararando pra ela. Fazia desenhos de castelo, convidava-a para ser seu par no São João. Isso tudo pode soar besta, mas pra uma criança na alfabetização, ser par no São João é o máximo. Equivale é chamar a menina para um jantar romântico ou coisa do tipo.
Eu só tinha coragem de chamar Hayllen pra algo que os amigos fazem: Brincar, desenhar, assistir televisão. Lembro que uma vez eu tomei coragem. Ia chamar ela pra dançar quadrilha comigo. A diretora estava dando os avisos. Eu já me preparado psicologicamente. Nada poderia me impedir... só que a diretora disse em alto e bom som la na sala: "Walter disse que só ia se fosse com Hayllen". Aquilo foi o meu primeiro "ta vendo aí" que tenho recordação.
Hayllen também foi a primeira menina que eu chamei pra "jantar fora". Era um pipos. Eu disse a ela para irmos comer no pátio. Ela topou. Divide o meu pipos de queijo com ela. Estava me sentindo o máximo. Depois "saímos" juntos para brincar do lado de fora.
O meu primeiro presente a uma garota também foi dado a ela. Era um sonho de valsa que eu tinha ganho no dia anterior do meu tio. Eu entreguei a ela. Dei como quem não quer nada, para certificar nossa amizade. Ela aceitou numa boa, tanto o chocolate com a desculpa esfarrapada do motivo (lembrem-se tínhamos 7 anos).
A minha paixão por ela só veio acabar na 3ª série. Ela foi embora pra outra cidade. Eu fiquei, mas mudei de colégio.
Primeiro Não
Como pode a loira patricinha mais bonita do clube de Desbravadores namorar o menino que era nerd. Não pode. É julgo desigual. Talvez esse seja o motivo do meu primeiro não. Thaís o nome dela. Não me recordo o sobrenome. Só lembro que ela me dava corda. Muita corda. Pena que toda vez eu me enforcava. E nunca me tocava disso. Talvez por estar apaixonado. É incrível como a paixão cega totalmente o homem (me refiro ao gênero mesmo, não a humanidade). Também foi a Thaís que eu fiz meu primeiro poema. Minha estreia no mundo mágico da poesia. Tinha 12 anos. Ela rasgou e jogou no lixo.
Mas eu não desisti. Nunca fui de desisti fácil. Minha mãe sempre me diz "quando se quer uma coisa, você corre atrás. Pronto e acabou. Não importa quantos "nãos" receba. Um dia você escuta um sim".
Thaís era uma versão de Elle Woods (a loira do filme Legalmente loira), com todos os estereótipos que uma loira tem direito (Minha nossa, repeti loira três vezes na mesma frase. Isso é um pecado para um escritor).
No dia que eu tomei coragem e perguntei o famoso "quer namorar comigo", sabia com certeza que ia receber um não. Primeiro porque eu não tinha chances. Segundo porque eu não tinha a minima chance. E terceiro porque eu não tinha chance de jeito nenhum. Mas pedi. E recebi um não.
Primeiro Beijo
Até hoje eles tem inveja de mim. Ela era simplesmente a musa da escola (olhe bem, pode ser coincidência ou não, mas os meus "primeiros amores" foram todas com modelos que caberiam em qualquer revista Caras. Depois foi que eu me orientei...). Estudavámos na mesma sala. Eramos concluinte da 8ª série. Eu tinha 14 anos. Ela também.
Karina foi simplesmente a menina mais bonita que eu já conheci pessoalmente. E que flertei. Ela queria fazer medicina. Eu jornalismo (ou algo do tipo). Ela era daquelas patricinhas autêntica: caderno, celular e bolsa rosa, maquiajem sempre, cabelos sempre bem penteados, unhas sempre pintadas. Ela era a Marissa Cooper de The OC, só que menos problemática, menos reflexiva e mais patricinha.
Vivia dizendo que ia casar comigo. Dizia que me amava e que eu era lindo. Pena que ela falava com a atonação da minha avó. Mas mesmo assim, eu vivia conversando com ela (patricinhas e nerds tem muito o que conversar, pode acreditar).
Os outros meninos não morriam de amores por mim. Por mais que eu fosse legal e os ajudasse, eu sempre saia com a menina mais bonita da sala. Sempre. Isso os irritava. Eles davam cantadas, enviavam presentes, viviam ligando pra ela. Mas Karina nunca dava bola pra eles. Já eu nunca fazia nada, e ela vivia no meu pé. Talvez foi esse o segredo para ela termos ficado tão próximos.
Por mais que ela me amasse, nunca passava disso. Então, numa tarde, os meninos queriam pegar ela em contradição. "Se você gosta mesmo do Bruno, então beije ele horas!". Não estavámos tendo aula. Eles insistiram com ela. Pra surpresa deles, ela topou na hora. Todo mundo ficou espantado. Lembro que o sol começou a brilhar mais forte e a rádio da escola tocou Yesterday dos Beatles na mesma hora (claro que nada disso aconteceu, mas vamos fantasiar um pouco a realidade).
Foi rápido. No outro dia o comentário de todo mundo era que o "nerd da 8ª séria tinha conseguido arrancar um beijo da musa." Eu tinha ficado orgulhoso com isso. Não era pra menos.
Primeiro encontro
Luciana foi disparada a menina mais difícil que eu tentei. Não chegou a me dá 21 "nãos", mas ficou bem perto disso. Me surpreendi até no dia que eu a chamei pra sair e ela topou. Fomos a um por do sol na praia. Depois passaríamos, comeríamos alguma coisa e voltávamos para casa.
O encontro não foi nada demais. Olhando pela visão de fora foi chato. Mas na hora foi um dos melhores lugares do mundo. Passeando na praia ao lado dela eu estava me sentindo o Clark Kent acompanhado da Lana Lang. Éramos muito amigos. Eu não fazia o tipo dela. Isso era evidente, mas tentei. Tentei muito. Minhas primeiras flores foram pra ela. Escrevi várias poesias. Compus até uma música. Mas nada disso adiantou.
Por mais que ela gostasse de mim, mas era óbvio que eu não conseguiria nada. Tentei muito. Durante dois anos. Recebi tanto não que hoje não sei como sobrevivi.
Era interessante que o ditado da água tinha três finais:
Água mole em pedra dura tanto bate até que...
(a) Fura
(b) Arromba
(c) Acaba
Assim como toda paixão, não medi esforços. Pensei que as opções A e B seriam eternas. Mas não foram. A opção C foi a mais viável.
Ainda lembro quando ela pediu para eu desistir. Voltei para casa chutando poeira e olhando as estrelas. Estava com um ar de exaustão pelos dois anos, mas não estava frustrado. Lembrei que ela foi a responsável pelo meu primeiro encontro. Talvez foi a garota que eu mais gostei.
Nesse ensaio vou relatar um pouco do meus "primeiros passos amorosos". Farei em praticamente todos os sentidos: o primeiro poema, a primeira paquera, o primeiro choro (quer dizer, isso não)...
A questão proposta aqui não é rir, nem chorar, mas relembrar. Acredito que todo mundo que deseja ter uma espiritualidade sadia tem como primeiro passo relembrar o passado. Ás vezes isso é bom. Ás vezes não.
Primeira Paixão
Hayllen Mayara o nome dela. Fiz todo o pré-escolar ao seu lado. Apesar de não saber ler e escrever bem, eu sabia escrever o nome dela completo no Jardim II. Mesmo ele (o nome) não ajudando muito... Eu lembro que sempre sentavámos na mesma mesinha. Brincavámos das mesmas brincadeiras (toca, escorrego, gangorra, etc), assistíamos os mesmos desenhos (He-man, Power Rangers), e fazíamos as mesmas séries.
Eu nunca consegui me declarar pra Hayllen. A minha paixão por ela começou aos 6 anos. Minha falta de coragem era enorme. Minha avó e meu pai dizia que eu era muito novo para namorar. Realmente era. Mas na época eu me sentia o "mocinho" dos filmes de romance onde os pais são contra o seu relacionamento com a "menina bonita". Uma espécie de Romeu e Julieta na versão kids.
Hayllen também era bonita. Muito bonita. A menina de 6 anos mais bonita da escola. Eu lembro que entre eu e Hayllen tinha meu primo, Walter Júnior. Júnior era tudo que eu queria ser: ele era o menino mau que não fazia a tarefa de casa e desafiava todos os professores. Vivia se declararando pra ela. Fazia desenhos de castelo, convidava-a para ser seu par no São João. Isso tudo pode soar besta, mas pra uma criança na alfabetização, ser par no São João é o máximo. Equivale é chamar a menina para um jantar romântico ou coisa do tipo.
Eu só tinha coragem de chamar Hayllen pra algo que os amigos fazem: Brincar, desenhar, assistir televisão. Lembro que uma vez eu tomei coragem. Ia chamar ela pra dançar quadrilha comigo. A diretora estava dando os avisos. Eu já me preparado psicologicamente. Nada poderia me impedir... só que a diretora disse em alto e bom som la na sala: "Walter disse que só ia se fosse com Hayllen". Aquilo foi o meu primeiro "ta vendo aí" que tenho recordação.
Hayllen também foi a primeira menina que eu chamei pra "jantar fora". Era um pipos. Eu disse a ela para irmos comer no pátio. Ela topou. Divide o meu pipos de queijo com ela. Estava me sentindo o máximo. Depois "saímos" juntos para brincar do lado de fora.
O meu primeiro presente a uma garota também foi dado a ela. Era um sonho de valsa que eu tinha ganho no dia anterior do meu tio. Eu entreguei a ela. Dei como quem não quer nada, para certificar nossa amizade. Ela aceitou numa boa, tanto o chocolate com a desculpa esfarrapada do motivo (lembrem-se tínhamos 7 anos).
A minha paixão por ela só veio acabar na 3ª série. Ela foi embora pra outra cidade. Eu fiquei, mas mudei de colégio.
Primeiro Não
Como pode a loira patricinha mais bonita do clube de Desbravadores namorar o menino que era nerd. Não pode. É julgo desigual. Talvez esse seja o motivo do meu primeiro não. Thaís o nome dela. Não me recordo o sobrenome. Só lembro que ela me dava corda. Muita corda. Pena que toda vez eu me enforcava. E nunca me tocava disso. Talvez por estar apaixonado. É incrível como a paixão cega totalmente o homem (me refiro ao gênero mesmo, não a humanidade). Também foi a Thaís que eu fiz meu primeiro poema. Minha estreia no mundo mágico da poesia. Tinha 12 anos. Ela rasgou e jogou no lixo.
Mas eu não desisti. Nunca fui de desisti fácil. Minha mãe sempre me diz "quando se quer uma coisa, você corre atrás. Pronto e acabou. Não importa quantos "nãos" receba. Um dia você escuta um sim".
Thaís era uma versão de Elle Woods (a loira do filme Legalmente loira), com todos os estereótipos que uma loira tem direito (Minha nossa, repeti loira três vezes na mesma frase. Isso é um pecado para um escritor).
No dia que eu tomei coragem e perguntei o famoso "quer namorar comigo", sabia com certeza que ia receber um não. Primeiro porque eu não tinha chances. Segundo porque eu não tinha a minima chance. E terceiro porque eu não tinha chance de jeito nenhum. Mas pedi. E recebi um não.
Primeiro Beijo
Até hoje eles tem inveja de mim. Ela era simplesmente a musa da escola (olhe bem, pode ser coincidência ou não, mas os meus "primeiros amores" foram todas com modelos que caberiam em qualquer revista Caras. Depois foi que eu me orientei...). Estudavámos na mesma sala. Eramos concluinte da 8ª série. Eu tinha 14 anos. Ela também.
Karina foi simplesmente a menina mais bonita que eu já conheci pessoalmente. E que flertei. Ela queria fazer medicina. Eu jornalismo (ou algo do tipo). Ela era daquelas patricinhas autêntica: caderno, celular e bolsa rosa, maquiajem sempre, cabelos sempre bem penteados, unhas sempre pintadas. Ela era a Marissa Cooper de The OC, só que menos problemática, menos reflexiva e mais patricinha.
Vivia dizendo que ia casar comigo. Dizia que me amava e que eu era lindo. Pena que ela falava com a atonação da minha avó. Mas mesmo assim, eu vivia conversando com ela (patricinhas e nerds tem muito o que conversar, pode acreditar).
Os outros meninos não morriam de amores por mim. Por mais que eu fosse legal e os ajudasse, eu sempre saia com a menina mais bonita da sala. Sempre. Isso os irritava. Eles davam cantadas, enviavam presentes, viviam ligando pra ela. Mas Karina nunca dava bola pra eles. Já eu nunca fazia nada, e ela vivia no meu pé. Talvez foi esse o segredo para ela termos ficado tão próximos.
Por mais que ela me amasse, nunca passava disso. Então, numa tarde, os meninos queriam pegar ela em contradição. "Se você gosta mesmo do Bruno, então beije ele horas!". Não estavámos tendo aula. Eles insistiram com ela. Pra surpresa deles, ela topou na hora. Todo mundo ficou espantado. Lembro que o sol começou a brilhar mais forte e a rádio da escola tocou Yesterday dos Beatles na mesma hora (claro que nada disso aconteceu, mas vamos fantasiar um pouco a realidade).
Foi rápido. No outro dia o comentário de todo mundo era que o "nerd da 8ª séria tinha conseguido arrancar um beijo da musa." Eu tinha ficado orgulhoso com isso. Não era pra menos.
Primeiro encontro
Luciana foi disparada a menina mais difícil que eu tentei. Não chegou a me dá 21 "nãos", mas ficou bem perto disso. Me surpreendi até no dia que eu a chamei pra sair e ela topou. Fomos a um por do sol na praia. Depois passaríamos, comeríamos alguma coisa e voltávamos para casa.
O encontro não foi nada demais. Olhando pela visão de fora foi chato. Mas na hora foi um dos melhores lugares do mundo. Passeando na praia ao lado dela eu estava me sentindo o Clark Kent acompanhado da Lana Lang. Éramos muito amigos. Eu não fazia o tipo dela. Isso era evidente, mas tentei. Tentei muito. Minhas primeiras flores foram pra ela. Escrevi várias poesias. Compus até uma música. Mas nada disso adiantou.
Por mais que ela gostasse de mim, mas era óbvio que eu não conseguiria nada. Tentei muito. Durante dois anos. Recebi tanto não que hoje não sei como sobrevivi.
Era interessante que o ditado da água tinha três finais:
Água mole em pedra dura tanto bate até que...
(a) Fura
(b) Arromba
(c) Acaba
Assim como toda paixão, não medi esforços. Pensei que as opções A e B seriam eternas. Mas não foram. A opção C foi a mais viável.
Ainda lembro quando ela pediu para eu desistir. Voltei para casa chutando poeira e olhando as estrelas. Estava com um ar de exaustão pelos dois anos, mas não estava frustrado. Lembrei que ela foi a responsável pelo meu primeiro encontro. Talvez foi a garota que eu mais gostei.
Um comentário:
que legal!!!! eu não sabia disso tudo.
ficou ótimo!!!
bjus!!!!!
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