sábado, 22 de novembro de 2008

Cadê o bolo?

(ATENÇÃO: qualquer semelhança com a vida real, é pura coincidência)

Imagine que você tem seus 18 ou 19 anos. Está levando uma vida normal: estuda na universidade, mora com seus pais, vai a igreja nos fins de semana e sai com a galera nos sábados a noite. Imagine que sua amiga preferida se chama Gyl. E você faz uma aposta com ela: “Não importa quando tempo vai levar: o primeiro de nos dois que casar, o segundo vai bancar a festa!”

Aposta aceita. A vida continua. Vocês se formam, passam-se dias, meses, anos... Dez anos para ser mais exato. Você trabalha na ESPN Brasil e de repente recebe uma carta. Era Gyl. Ela tinha guardado a surpresa de você, e te manda o primeiro convite de casamento dizendo: “CASO, NO DIA TAL, NA DATA TAL, NO LUGAR TAL, NA HORA TAL”. Lá embaixo, tem um recado escrita a mão com caneta de tinta dourada que diz: “Te envio com um carinho profundo da sua amiga preferida e... lembra da nossa aposta?”

Você diz pra si mesmo: “lembro”. Depois de ficar para “titio”, aceita cuidar da festa de sua amiga preferida. Na mesma hora você liga pra ela e diz: “Gyl, deixa comigo que a sua festa vai ser ÚNICA na história de João Pessoa.”

Faltando 6 meses para o casamento, você procura o melhor hotel de João Pessoa, o melhor bufê, os melhores garçons, os melhores músicos, a melhor orquestra... Contrata cada detalhe e diz pra sua amiga: “Fica tranqüila porque a festa vai ser inesquecível.”

Claro que numa festa de casamento existe o “ponto turístico”, depois dos noivos. É aquela lugar onde todos se reúnem pra tirar uma foto. É onde está o símbolo mais glorioso de uma festa de casamento: é O BOLO.

Você experimenta mais de 40 sabores diferentes de bolos e tortas por toda João Pessoa. Conhece cada confeitaria, padaria, loja de festa, etc., da cidade. É aí que você descobre (depois de engordar 15 kg e jogar as taxas de diabetes na alturas) que ninguém faz um bolo tão gostoso quanto o da sua tia. Você tem uma tia chamada “Tia Dalva”. Por coincidência, Gyl mora na rua de sua tia.

Tia Dalva é uma excelente confeiteira. Você liga pra ela e diz:
- Olha tia, eu não queria envolver família, mas a senhora faz bolo como ninguém!
- É pro seu casamento? – pergunta ela estourando de alegria.
- Não tia, é pro casamento de Gyl – diz você meio murcho.
- Ah ta! - responde tia Dalva decepcionada.
-Tia, faz o bolo mais inesquecível de sua vida, ok?
- Pode deixar meu amado sobrinho!

Passam-se os dias. Passam-se os meses e chega o grande dia do casamento. Você é o padrinho especial. Antes de ir pra igreja, você dá uma passadinha no lugar da festa. Ta tudo lindo e decorado: as mesas estão perfeitas, a comida toda preparada, os garçons a postos, a orquestra ensaiando divinamente. Daí você olha em cima da mesa principal e pergunta: “Cadê o bolo?

“Bom, não tem problema, tia Dalva deixa pra fazer as coisas sempre em cima da hora. Certamente ela ta caprichando no bolo.” Então você vai para o casamento e senta no primeiro banco. No meio do casamento o “sexto sentido feminino vem pro masculino” e você puxa o celular e pensa: “será que ta tudo bem naquela festa”. Baixinho, você liga para o metri e pergunta: “o bolo já chegou?”. O metri da festa, altamente assustado diz: “Olha, o bolo ainda não chegou.

Nessa hora você surta. Espera mais um pouco. Vai vê tia Dalva esta incrementando mais alguma coisa. Passam-se 30 minutos. Afinal, existe uma lei universal que ordena que todo casamento atrase. Você tem consciência que todo casamento segue essa lei a risca.

O noivo ta no posto. A música de entrada de casamento começa a tocar. Sua amiga preferida aparece na porta da igreja. Com um vestido de noiva branco. Ela esta linda e deslumbrante. Mas antes de você babar, lembra que ela ta casando. Então você disvia o pensamento.

A marcha nupcial começa a tocar. Gyl entra. Você sente toda a magia da cerimônia... quando seu celular começa a tocar. Você vai pro canto da igreja e atende. É o metri. “Cadê o bolo?

O surto vira desespero. Você não termina de vê o restante da cerimônia. Sai correndo com seu Ford Ka para o local da festa. Chegando lá, corre para a mesa e... nada do bolo. Você liga desesperado para tia Dalva. Toca 1, 2... 37 vezes. Quando ela diz “alô”, acaba a bateria do seu celular. Existe uma 2ª lei universal que ordena que todo aparelho tecnológico falhe no momento em que você mais precisa. Você lamenta por essa lei.

Você atravessa a rua e corre para um posto de gasolina que tem em frente. Pergunta se tem cartão telefônico. Eles dizem que o último saiu dali faz 2 minutos. Do jeito que está, você corre pro orelhão e liga a cobrar. Pra aumentar ainda mais o teu pânico, a limosine com os noivos começa a virar a esquina. Os carros com os convidados vêm logo atrás. Já acabou a cerimônia de casamento e vai começar a festa. E agora tua melhor amiga vai chegar e não tem um bolo. Você só não chora porque não tem tempo.

O telefone toca 1, 2, 3... 37 vezes. Na 38ª sua tia atende e você escuta a musiquinha “tan, tan, tan... tan, tan, tan...tan, tan, tan...Chamada a cobrar...”

Quando ela diz “Alô” você grita deseperado.
- TIA DALVA É SEU SOBRINHO.
E ela, tentando se recompor, com um sono eterno, uma voz rouca diz:
- Oi
- TIA DALVA, CADÊ O BOLO – grita você em pânico.
É aí que Tia Dalva, com uma voz rouca, faz uma pergunta que deixa você em pânico:
- Que bolo?
- TIA DALVA, O BOLO DA FESTA DE CASAMENTO DE GYL

Pra fechar com chave de ouro, tia Dalva faz uma pergunta que leva você às lágrimas:
- Ué, o casamento não era semana que vêm?
- Não tia, é daqui a dois minutos. - diz você com aquela paciência que só o desespero pode dar.

Tia Dalva não só deixou de fazer o bolo, como deu um bolo em você.
Pense bem: o que você faria nessa situação? Como você se explicaria pra Gyl?

Têm uma história parecida na Bíblia no livro de São João 2.

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