"O mundo está dividido entre aqueles que leram O Senhor dos Anéis e aqueles que ainda vão ler."
Sunday Times
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O Senhor dos Anéis é um romance de fantasia criado pelo escritor, professor e filólogo britânico J. R. R. Tolkien. A história se passa na terra média (que por questões de ética, não vou mais detalhar. Quem quiser leia o livro.)
Últimamente, muita gente do meio evangélico passou a criticar a obra de Tolkien. Pior: sem nem sequer ter tocado em um de seus livros. Ou assistido o filme. O que muita gente não sabe (e isso é muito legal em O Senhor dos Anéis) é que o altor criou toda uma fantasia vom forte influência... CRISTÃ. Isso mesmo. O Senhor dos Anéis possui mais figuras cristãs do que muita gente imagina.
A religião de Tolkien
Católico do pé roxo, Tolkien foi um dos responsáveis por trazer "para o nosso lado" aquele que seria um dos grandes nomes do cristianismo do século XX: C. S. Lewis.
Quando Tolkien o conheceu, Lewis era agnóstico. Tolkien logo se empenhou para convertê-lo ao catolicismo. No entanto, Lewis preferiu o anglicanismo.
A religião sempre foi um motivo de afastamento entre Tolkien e C. S. Lewis, especialmente pela forma diferente como ambos a tratavam. Tolkien inclusive não apreciou muito As Crônicas de Nárnia. Considerava demasiadamente alegórica. Entretanto, ele não odiou o livro (como pensam alguns).
A religião no livro de C. S. Lewis é bem explícita. Em Tolkien, ela é oculta em personagens, lugares e até atitudes. Mas não é alegórica (construção de que Tolkien não gostava). Apesar dos desentendimentos Tolkien e Lewis foram grandes amigos[1].
De fato, O Senhor dos Anéis provavelmente não existiria sem o incentivo de C. S. Lewis. Aliás, Lewis foi o primeiro a ouvir a história, e Tolkien jamais deixou de admirar a grande inteligência do seu amigo.
Influências Cristãs na obra de Tolkien
De inicio, O Senhor dos Anéis começou com uma "exploração" nos campos da filosofia, religião (catolicismo), conto de fadas, assim como mitólogia nórdica. Eram áreas de interesse pessoal de Tolkien.
Além desses, a obra de Tolkien foi influenciado, de forma crucial, pelos fatos que ocorreram em seu serviço militar durante a Primeiro Guerra Mundial[2].
Tolkien criou um universo fictício completo e altamente detalhado (Eä), onde O Senhor dos Anéis se passa. Muitas partes deste mundo eram (como ele admitia livremente) influenciado por outras origens[3].
Uma vez, Tolkien descreveu O Senhor dos Anéis ao seu amigo jesuíta Robert Murray, como “um trabalho fundamentalmente religioso e Católico, inconscientemente no início, mas ciente disso na revisão [do livro].” [4]
Há muitos temas teológicos subjacentes na narrativa. Há a luta de bem contra o mal, o triunfo do excesso vaidade na humanidade e a atividade da Graça Divina. Além disso o trecho do Pai Nosso “e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal” esteva sempre presente na mente de Tolkien quando descreveu luta de Frodo de contra o poder do Um Anel[5].
Influências não cristãs
Os motivos religiosos não cristãos também tiveram fortes influências na Terra-média de Tolkien. Os Ainur (uma raça de seres angelicais que foram responsáveis pela concepção do mundo) incluíam os Valar (que formam um panteão de “deuses” quem são responsáveis por toda a manutenção do Mundo em seus aspectos materiais e abstratos). O conceito dos Valar ecoa na mitologia grega e nórdica, embora os próprios Ainur e o mundo sejam criações de uma divindade sozinha - Ilúvatar ou Eru, “O Único”.
As mitologias do norte europeu são talvez as mais bem conhecidas influências não-Cristãs em Tolkien. Seus elfos e anões são parecidos e muito baseados na mitologia nórdica e relacionados à mitologia germânica [6].
Os nomes tais como “Gandalf”, “Gimli” e “Terra-média” são derivados diretamente do mitologia nórdica. A figura de Gandalf é particularmente influenciada pela divindade nórdica Odin em sua encarnação como “O Viajante”, um homem velho com uma longa barba branca, um chapéu de bordas largas e uma cajado. Tolkien declarou que pensava em Gandalf como um “Odin errante” em uma carta de 1946 [7].
As influências específicas incluem o poema Anglo-Saxão Beowulf [8].
Influências Externas
O Senhor dos Anéis foi fortemente influenciado pelas experiências de Tolkien durante a Primeira Guerra Mundial (onde lutou), e pela partida de seu filho para lutar Segunda Guerra Mundial.
Depois da publicação de O Senhor dos Anéis, ocorreu a especulação que o Um Anel fosse um metáfora da bomba nuclear [8]. Tolkien, entretanto, insistiu repetidas vezes que seus trabalhos não apresentavam aquele tipo de alegoria[9], indicando no prefácio de O Senhor dos Anéis que não havia gostado desta especulação e que a história não era alegórica.
Tolkien já tinha terminado grande parte do livro, incluindo o final, antes que as primeiras bombas nucleares tivessem sido conhecidas pelo mundo, com sua explosão em Hiroshima e Nagasaki em agosto de 1945.
Alguns locais e suas características foram inspiradas em lugares da infância de Tolkien como Sarehole (então uma vila de Worcestershire, agora parte de Birmingham) e Birmingham [10].
Tolkien sugeriu que o Condado e suas redondezas eram baseados nos campos em torno da faculdade de Stonyhurst em Lancashire, que Tolkien freqüentou durante a década de 40 [11].
Referências
BRUNER, Kurt; WARE, Jim. Encontrando Deus em O Senhor dos Anéis. 1ª Ed. São Paulo: Bom Pastor, 2003.
CARPENTER, Humphrey. As Cartas de J. R. R. Tolkien. 1ª Ed. Curitiba: Arte e Letra, 2006.
DURIEZ, Colin. Tolkien e Lewis: O dom da amizade. 1ª Ed. Rio de Janeira: Nova Fronteira, 2006.
SMITH, Mark Eddy. O Senhor dos Anéis e a Bíblia. 3ª Ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2002.
Notas
[1] DURIEZ, Colin. Tolkien e Lewis: O dom da amizade. Nova Fronteira.
[2] Influences on the Lord of the Rings
[3] CARPENTER, Humphrey. As Cartas de J. R. R. Tolkien. Brasil: Arte & Letra. Letter 19, 31 de dezembro de 1960.
[4] Idem.
[5] Idem.
[6] Idem. cartas 144 & 236 dezembro de 1960.
[7] Idem.
[8] SHIPPEY, Tom . J. R. R. Tolkien Author of the Century. HarperCollins.
[9] The LOTR Props Exhibition: Steve la Hood Speaks.
[10] TOLKIEN, J.R.R. The Lord of the Rings. HarperCollins, 1991.
[11] CARPENTER, Humphrey. As Cartas de J. R. R. Tolkien. Brasil: Arte & Letra. Cartas 178 & 303 dezembro de 1960.
Um comentário:
Muito interessante este post, eu acho muito interessante ler sobre C. S. Lewis e Tolkien e as suas histórias, apesar das várias críticas que ambos recebem.
Recomendo a você o blog do meu amigo Silas, http://www.escrevendohistoria.blogspot.com/.
O trabalho dele vem sido sobre o C. S. Lewis, grande amigo de Tolkien, se vc quiser dar uma olhada, entra lá, é o Terceiro post atualmente.
Abraços,
Deus te abençoe,
Timóteo
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